sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Ensaio sobre a cor


O D. Duarte, aquele senhor que em caso de holocausto nuclear será rei de Portugal, disse recentemente que os seus filhos são gozados na escola por terem "sangue azul". Conta até uma situação que decorreu numa das aulas com um dos seus filhos de muitos nomes, na qual a professora lhe teria perguntado quais seriam as cores da bandeira nacional. O puto respondeu dizendo que eram azul e branco pois ele era monárquico e, como tal, as cores da "bandeira da república" não se aplicariam a ele. D. Duarte termina esta descrição com um "...ela teve de calar-se", uma espécie de "toma lá vai buscar" ou "incha pacheco" para os mais saudosos dos tempos da primária.

Esta situação serviu-me de mote para revelar alguns pensamentos pessoais acerca da questão.

Portugal é acima de tudo uma Pátria, uma Nação, identificada por muitos símbolos, entre os mais importantes a sua bandeira nacional. E as cores principais da bandeira são o verde e o vermelho, quer se goste ou não, e seja republicano, monárquico ou labrego (desde já anuncio que não sou nada disto, nem mesmo labrego). Pessoalmente até gosto mais da última bandeira da monarquia, em que o azul e branco conferem uma harmonia e uma identificação mais ajustada com a fundação da nacionalidade, tirando a parte da corôa, que obviamente por uma questão de sistema político, não poderia continuar a vigorar na nova bandeira, embora não fosse de todo inadequado mantê-la como símbolo (o país foi fundado como monarquia e assim ficou durante 767 anos, adquirindo direito próprio como símbolo nacional, apesar da corôa em si só ter surgido no brasão nacional já no século XV, um pouco por moda na altura).

A bandeira actual surgiu oficialmente na implatação da República em 1910 e teria que ser necessariamente diferente da anterior, como forma de simbolizar o corte com o regime, que nos últimos anos foi sinal de miséria e confusão.

Em abono da verdade, nem o verde nem o vermelho têm identificação histórica com o país nos moldes referentes à actualidade (apenas o vermelho foi representado nos pavilhões de alguns reis, enquanto que o verde apenas surgiu como cor dos republicanos que fizeram a revolução do Porto em 1891), mas os símbolos criam-se, e quase 100 anos com estas cores, presentes em momentos tão conturbados e intensos, conferirão certamente estatuto à coloração actual.

Tal como as quinas surgiram do milagre de Ourique, os castelos supostamente da conquista do Algarve e a esfera armilar da epopeia dos descobrimentos, o verde e o vermelho advieram de outro momento histórico da nação, vieram do povo, e o povo é a pátria.

Se conseguiram chegar até aqui, quero apenas dizer ao D. Duarte: esta bandeira é de todos nós, é tua e dos teus filhos também. Já que metes os putos a estudar tanto, ensina-lhes isto, que a nação valente e imortal que eles sentem é a mesma que a minha, e que o hino que exalta a mui nobre e sempre leal alma lusitana é de todos nós também. És português, porta-te como tal.

Toma lá que já almoçaste.

RCaturra do seu período non.
(Nota: é possível que alguns dos factos históricos estejam ligeiramente incorrectos pois escrevi tudo de memória)

3 comentários:

José Sousa disse...

Não dês bandeira!!!

Anónimo disse...

... tanta conversa deu me fome . Este portugues vai comer qualquer coisa . Full english breakfast !!! Rui Caturra

Joao Pereira Rocha disse...

e que de cor seria a bandeira kalash??

Transparente é fácil demais...
Quero cor e justificação